sábado, 31 de dezembro de 2016

Graças sobre Graças

Na plenitude do Verbo, recebemos Graças sobre Graças. É o que nos diz o prólogo do Evangelho de São João. 

No último dia do ano de 2016, não nos resta outra coisa a fazer como cristãos, que é se colocar em atitude de agradecimento. As graças de Deus acontecem de acordo com as necessidades e capacidades de cada ser humano durante a caminhada de vida. Neste sentido, já se tem uma preparação para receber tais graças no ano que se aproxima.

Quais as Graças que recebi neste ano? Um novo emprego? Passei no Vestibular? Tive a cura de uma enfermidade? Recebi a graça do perdão misericordioso de Deus diante do pecado? Recebi a luz para avançar no caminho da santidade?

Como é bom, caríssimos irmãos e irmãs, receber a luz que é o próprio Filho de Deus feito Homem. Infelizmente, em 2016, muitos não quiseram enxergar essa luz e, ainda, não aceitam que Deus se encarnou. Essa falta de luz leva às trevas e a destruição de inocentes, como no Terror que ceifa vidas em vários cantos do mundo; nos conflitos bélicos que roubam a infância alegre de nossas crianças, como se vê em Aleppo; na violência urbana das grandes cidades; na corrupção escancarada e na ganância pelo poder.

Entretanto, temos a Igreja. O dom e o mistério de pertencer a Igreja tem como única garantia, a fidelidade à Palavra de Cristo, humilde, e em permanente busca da verdade. Recusar a Igreja é recusar a Cristo e seu Evangelho. O verdadeiro discípulo de Jesus rende graças por pertencer a sua Igreja.

Uma coisa é certa, durante todo este ano de 2016 e por toda a vida, até aqui, fomos guiados por Deus. Devemos dizer obrigado Senhor por tudo o que fizeste a mim, obrigado Senhor pelo dom da vida, obrigado Senhor pela minha família, obrigado Senhor pelo meu lar, obrigado Senhor por minha Igreja, obrigado Senhor por minha vocação, obrigado Senhor pelos sorrisos ao longo do ano, obrigado Senhor pelas lágrimas que derramei, obrigado 2016 por fazer parte de minha existência.

Que em 2017, possamos ter vida nova e um mundo melhor, repleto do Amor, de luz e da paz necessária.

Um Feliz e abençoado 2017.

Padre Wetemberg Aires de Oliveira
31 de Dezembro de 2016


quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Lágrimas

João, rapaz pobre da periferia paulistana.  Aos vinte e poucos anos trabalhava como ajudante de pedreiro em uma obra no centro. Quieto, gostava de tomar uma cervejinha, nas horas de folga, com os amigos. Estudou até o ginásio, mas gostava de ler o que via pela frente. João Morava sozinho numa casinha simples de dois cômodos. Seus pais moravam no sertão baiano.

Certo domingo de inverno, João decide perambular pelas ruas da cidade. Com uma jaqueta azul marinho, calça jeans desbotada, camisa polo e sapato preto, ele caminha sem rumo nos calçadões da vida.

João Contempla a beleza gótica da Catedral da Sé, e ao sair dali se depara com uma garotinha de uns nove anos. Sozinha e trêmula está encostada ao lado da escadaria da igreja. João fica com remorso, vai numa lanchonete ao lado e compra pão e café com leite, e leva até a criança. A menina nada diz, mas uma pequena lágrima escorre em sua face. João segue seu caminho.

João se encontra agora ao lado do Páteo do Colégio. Ali o início de tudo na então vila de São Paulo.  Depois de apreciar a bela paisagem urbana, ele vê um mendigo deitado num banco. Ao se aproximar, o morador de rua senta no banco e chama João.
-Moço faz uma oração pra mim? João segura nas mãos dele e reza um Pai Nosso e uma Ave Maria. Enquanto João reza, uma lágrima desce sobre a bochecha do mendigo. João levanta e vai embora.

Mosteiro de São Bento. Mais uma vez João se encontra a apreciar a beleza sacra daquele templo em meio à selva urbana.  João entra no momento em que se celebra a Missa em canto gregoriano. Senta-se ao lado de uma senhora. No momento de ação de graças, João percebe uma lagrima no rosto da mulher, que de súbito e repleto de emoção abraça o pobre rapaz. Terminada a Missa João decide retornar ao seu singelo lar.

Ao se aproximar do portão de casa, um pingo de chuva bate em sua cabeça escorrendo pelo seu rosto. João percebeu que aquele pingo de chuva era Deus que chora e se preocupa com seus filhos João olha pra cima e percebe as nuvens se abrindo. João entra e senta em sua cama de solteiro, três lágrimas caem de seu rosto. As nuvens se abrindo significou para João a Luz, o fazendo lembrar-se de uma frase do saudoso padre Léo, que dizia: “Quem chora em Deus não se afoga em suas Lágrimas”. João deitou-se e dormiu feliz.
Padre Wetemberg Aires de Oliveira

                                                                                                            

sexta-feira, 1 de julho de 2016

ABRAÇO DA PAZ!


“Todo aquele que pretende ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus...” (Tg 4,4).

É preciso fazer de seu mundo, o mundo de Deus. Misericórdia, perdão, conversão, alegria e salvação. Este é verdadeiramente o mundo do Senhor. Quando sentimos ódio, rancor, raiva, inveja e ciúmes, estamos cada vez mais nos afastando do Pai. Então o que fazer para acolher o mundo de Deus em sua vida?

Primeiramente, lembrar-se daquele gesto singelo realizado na missa, após o Pai Nosso: o Abraço da Paz. Quando este gesto é feito somente com o coração repleto do Espírito Santo e imbuído de fraternidade é sinal de que esta paz faz você ser um amigo de seu irmão e consequentemente amigo do mundo de Amor proposto por Jesus. O abraço da paz torna-se assim um momento de acolhimento, de aproximação e até de reconciliação.

Em um segundo momento contemplemos o Cristo, abraçar e acolher as crianças. É Jesus reconhecendo que por intermédio de nossas fragilidades, simbolizadas nas crianças, Ele está sempre por perto para nos proteger com seu abraço e carinho: “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo não a mim, mas àquele que me enviou” (Mc 9,37).

Portanto, queridos irmãos e irmãs, nos tornemos amigos de Deus, tendo a coragem de levar Paz ao próximo com um abraço Fraterno.

Padre Wetemberg Aires de Oliveira



sábado, 2 de janeiro de 2016

O quanto nos conhecemos de verdade?



O Quanto nos Conhecemos de Verdade?

2015 passou. Com ele se vai boas lembranças; momentos de turbulências; alegrias e tristezas. Já estamos em 2016. E agora, o que fazer? Antes de tudo nascer, porque faz parte do processo da vida,  pois ninguém nasce pronto. Depois é  preciso caminhar, buscar, modificar, ou seja, vamos nos construindo, nos conhecendo. Mas, o que é conhecer? O quanto nos conhecemos de verdade?

Entre tantos significados para o verbo transitivo conhecer, destaco aquele que diz que, conhecer é  apreciar algo ou alguém.

Apreciar que Deus faz tudo com amor e coloca nas nossas vidas pessoas que nos ensinam o verdadeiro sentido de amar.

Compreender que a humanidade está ferida pelo próprio homem. Ferida pelas crianças que morrem naufragadas pela guerra... ferida pelo inocente  que tem sua vida ceifada pelas bombas do terror... ferida pelo trabalhador que perde todo seu projeto de vida carregado por uma enxurrada de lama. Compreender que tudo isso chama-se desamor presente no coração do insensato.

Entretanto,  é preciso apreciar e compreender  os desígnios de Deus, através de sua benção aos seus filhos prediletos... apreciar e compreender que a plenitude do tempo se dá quando o Pai envia o seu Filho para a salvação do mundo... apreciar e compreender que Maria é  a Teotókus,  Mãe de Deus e nossa, mulher que traz o verdadeiro sentido da Paz,  que concebeu Jesus o Deus Salva.

Então,  nos conhecer de verdade é  um processo  que desencadeia uma linda amizade. Não uma amizade restrita e fugaz,  mas uma amizade verdadeira e fraterna... "uma alma com dois corpos ", como dizia Aristóteles.

É essa amizade que peço para que tenhamos em 2016. Ser mais amigo de Jesus; ser mais amigo de Maria,  nossa Senhora; ser mais amigo daquela pessoa que conheci há pouco tempo e me passa confiança; ser mais amigo de Deus.

Desejo a você  2016 repleto de amizade verdadeira,  de Amor e de Paz.
             Padre Wetemberg Aires de Oliveira
                              01/01/16

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