quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Espera


Esperei nove meses para conhecer o mundo. No lugar da espera estava eu muitas vezes quietinho enroladinho num canto bem quentinho e gostoso, no entanto às vezes também estava esquentadinho e começava a me mexer chutando o ventre de minha genitora. Mas valeu a espera, pois quando vi a luz pela primeira vez até chorei de emoção sem entender absolutamente nada.

Esperei dois anos para receber minha Primeira Eucaristia. Foi o tempo da catequese, onde aprendi meus primeiros passos na Igreja. Tempo da primeira confissão com o padre Nildo (In Memoriam) e tempo dos ensinamentos de minha catequista D. Eusédia (In Memoriam). Mas valeu a espera, pois recebi de forma concreta e real Jesus em minha vida.

Esperei quatro anos para receber meu diploma de jornalista. Anos de novidades: o mundo universitário, as técnicas de reportagens e os trabalhos de campo. Um mundo de informações, formação e cultural que estava recebendo. Mas valeu a espera, pois conheci pessoas ilustres como Orlando Villas Boas, grande sertanista e indigenista brasileiro; a dupla de violonistas Duofel e o então Ministro Extraordinário do Esporte Edson Arantes do Nascimento – Pelé. Entretanto, também, conheci pessoas anônimas, mas nem por isso deixam de ser ilustres como as “Meninas de Santos”, um grupo de meninas que trabalham na arte de confeccionar para se valorizarem como mulheres e deixarem a prostituição; a Orquestra Sinfônica de São Paulo formada por adolescentes; e pessoas honestas que moram embaixo dos viadutos.
Esperei oito anos para me consagrar a Deus e como sacerdote servir o povo de Deus. Foi o tempo do Seminário, discernimento, expectativas, angústias e incertezas, porém um período de amizades, e muitas alegrias. A Filosofia me trouxe o mundo dos questionamentos e o pensamento estrutural do ser humano. Já a Teologia me mostrou a convicção de minha fé. Mas valeu a espera, pois pela imposição das mãos do Bispo Diocesano recebi o Espírito Santo e como padre comecei a levar a Boa Nova a todos os povos.

Esperei e, hoje, continuo a esperar. É o Advento, tempo de expectativa. Primeiro para celebrar o Natal do menino Deus e depois a Parusia do Senhor, ou seja, sua segunda vinda. Não uma espera somente minha, mas de todos aqueles cristãos de fé, que tem em Deus a certeza que no tempo certo tudo vem com alegria. Vale esperar para que sejamos todos inseridos no caráter missionário da vinda de Cristo. Esperemos, pois o Kairós, Tempo da Graça de Deus.

Pe. Wetemberg Aires de Oliveira
23/11/2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Futebol, Materialismo e Deus



Que a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo e o Amor de Maria estejam convosco!
Queridos irmãos e irmãs,

A Seleção Brasileira de futebol realizou, ontem, um amistoso internacional na África contra a seleção do Gabão. Foi algo deplorável em todos os sentidos: a seleção anfitriã ruim demais, o gramado esburacado, iluminação precária caindo por duas vezes antes do início da partida, árbitros fraquíssimos e para piorar uma partida horrorosa. Com tudo isso, o que se viu foi uma banalização do futebol profissional. Entretanto, quero pegar o exemplo dessa partida para falar de algo que emerge nesse mundo secularizado e consumista: o APEGO AO MATERIALISMO E AO PODER.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) jamais se preocupou com a integridade física e o bem estar dos jogadores. Na verdade a busca pelo poder e a caça ao Dinheiro era o maior interesse naquele momento, ou seja, grana na conta e o resto que se dane. Lamentável.

Os Mandatários do futebol tupiniquim caminharam do lado contrário do que se pede o bom senso, que se construa entre os seres humanos o bem comum em vista de uma sociedade sem exclusões. E Jesus Cristo é a maior testemunha de simplicidade no uso dos bens materiais.  É preciso ressaltar que uma vida de posse, onde se tenha o suficiente para o bem estar é importante, no entanto isso não pode se transformar em vanglória ou poderio.

Infelizmente, uma simples partida de futebol como a de ontem trouxe uma triste constatação, de que o dinheiro é o bem necessário no mundo dominado pelo mercado, onde tudo se compra e se vende. A Seleção brasileira se tornou escrava da ganância e a busca dos dólares e Euros se mistura com ambição e a falta de Deus nos corações humanos.

Porém, sempre há esperança na vida. A Campanha da Fraternidade de 2010 trouxe como tema “Economia e Vida” e o lema “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24). Ainda no Evangelho de São Mateus 6,19-20 vai dizer: “Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde as traças e os vermes arruínam tudo, onde os ladrões arrombam as paredes para roubar. Mas acumulai para vós tesouros no céu”.

Que não só o futebol, mas todos os segmentos da sociedade possam se libertar da dependência dos bens materiais, e como se pede ainda na Campanha da Fraternidade de 2010, que todos possam “contribuir com o seu trabalho e o seus bens, para a construção de um mundo mais justo e solidário”. Portanto, não ao materialismo e ao poder, e sim confiança total em Deus.

Deus abençoe a todos!

Padre Wetemberg Aires de Oliveira


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