Esperei nove meses para conhecer o mundo. No lugar da espera estava eu muitas vezes quietinho enroladinho num canto bem quentinho e gostoso, no entanto às vezes também estava esquentadinho e começava a me mexer chutando o ventre de minha genitora. Mas valeu a espera, pois quando vi a luz pela primeira vez até chorei de emoção sem entender absolutamente nada.
Esperei dois anos para receber minha Primeira Eucaristia. Foi o tempo da catequese, onde aprendi meus primeiros passos na Igreja. Tempo da primeira confissão com o padre Nildo (In Memoriam) e tempo dos ensinamentos de minha catequista D. Eusédia (In Memoriam). Mas valeu a espera, pois recebi de forma concreta e real Jesus em minha vida.
Esperei quatro anos para receber meu diploma de jornalista. Anos de novidades: o mundo universitário, as técnicas de reportagens e os trabalhos de campo. Um mundo de informações, formação e cultural que estava recebendo. Mas valeu a espera, pois conheci pessoas ilustres como Orlando Villas Boas, grande sertanista e indigenista brasileiro; a dupla de violonistas Duofel e o então Ministro Extraordinário do Esporte Edson Arantes do Nascimento – Pelé. Entretanto, também, conheci pessoas anônimas, mas nem por isso deixam de ser ilustres como as “Meninas de Santos”, um grupo de meninas que trabalham na arte de confeccionar para se valorizarem como mulheres e deixarem a prostituição; a Orquestra Sinfônica de São Paulo formada por adolescentes; e pessoas honestas que moram embaixo dos viadutos.
Esperei oito anos para me consagrar a Deus e como sacerdote servir o povo de Deus. Foi o tempo do Seminário, discernimento, expectativas, angústias e incertezas, porém um período de amizades, e muitas alegrias. A Filosofia me trouxe o mundo dos questionamentos e o pensamento estrutural do ser humano. Já a Teologia me mostrou a convicção de minha fé. Mas valeu a espera, pois pela imposição das mãos do Bispo Diocesano recebi o Espírito Santo e como padre comecei a levar a Boa Nova a todos os povos.Esperei e, hoje, continuo a esperar. É o Advento, tempo de expectativa. Primeiro para celebrar o Natal do menino Deus e depois a Parusia do Senhor, ou seja, sua segunda vinda. Não uma espera somente minha, mas de todos aqueles cristãos de fé, que tem em Deus a certeza que no tempo certo tudo vem com alegria. Vale esperar para que sejamos todos inseridos no caráter missionário da vinda de Cristo. Esperemos, pois o Kairós, Tempo da Graça de Deus.
Pe. Wetemberg Aires de Oliveira